O diabetes mellitus gestacional (DMG) é o problema metabólico mais comum na gestação. No entanto, apesar de ser comum, pode gerar consequências graves para a gestante e para o bebê. Por isso, é fundamental que as mulheres saibam o que é o diabetes gestacional, quais seus sintomas, e acima de tudo como se prevenir.
O Que é Diabetes Gestacional
O diabetes gestacional é um distúrbio do metabolismo caracterizado por uma intolerância aos carboidratos, a qual provoca um aumento dos níveis de glicose no sangue (hiperglicemia), sendo diagnosticado pela primeira vez durante a gravidez. Ou seja, é o diabetes que surge na gravidez, e geralmente, desaparece após a gravidez.
Na maioria das mulheres os níveis de glicose voltam a ser normais após o parto. No entanto, o risco de desenvolver o diabetes permanente em alguma fase da vida, é alto.
Como Ocorre o Diabetes Gestacional
Quando ingerimos um alimento, a glicose desse alimento vai para a corrente sanguínea, e um hormônio chamado insulina é responsável por captar essa glicose do sangue e a transportar para dentro das células do corpo, como fonte de energia, reduzindo o açúcar do sangue.
Durante a gravidez a placenta aumenta a produção de vários hormônios, para auxiliar no desenvolvimento do bebê. Esses hormônios, por sua vez, tendem a reduzir a ação da insulina.
Em uma gravidez normal, o pâncreas consegue corrigir essa situação, aumentando a produção de insulina, para diminuir os níveis de glicose. Entretanto, em algumas mulheres, esse processo de compensação pelo pâncreas não ocorre, e os níveis de glicose no sangue permanecem elevados, constituindo assim, a diabetes gestacional.
=> Saiba Mais: O que é Diabetes Tipo 1 e Tipo 2
Fatores de Risco do Diabetes Gestacional
Qualquer mulher pode desenvolver o diabetes gestacional. Entretanto, algumas apresentam um risco maior do que outras. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes os fatores de risco podem ser:
- Idade materna mais avançada (35 anos ou mais);
- Ganho de peso excessivo na gestação atual;
- Sobrepeso ou obesidade;
- Gestação múltipla;
- Síndrome dos ovários policísticos;
- História familiar de diabetes em parentes de primeiro grau e na mãe da gestante;
- Hipertensão arterial sistêmica na gestação;
- Antecedente de bebês grandes (mais de 4kg) ou de diabetes gestacional;
- Histórico de aborto de repetição, morte fetal ou neonatal e malformações;
Sinais e Sintomas do Diabetes Gestacional
É incomum o diabetes gestacional apresentar sintomas. Por isso, é de extrema importância a realização dos exames de pré-natal. Se surgirem, alguns dos sintomas podem ser:
- Aumento do apetite;
- Muita sede (polidpsia);
- Fraqueza;
- Ganho de peso exagerado por parte da mãe ou do bebê;
- Vontade de urinar várias vezes ao dia (poliúria);
- Alterações visuais, como visão embaçada.
Lembrando que todos esses sintomas, a gravidez em si, também pode causar. Ou seja, a avaliação médica é fundamental.
=> Saiba Mais: Tudo sobre o Sarampo
Diagnóstico do Diabetes Gestacional
O diagnóstico se baseia na história clínica e familiar da gestante, no exame físico atual e no histórico sobre o peso da gestante. Além disso, serão solicitados os exames de sangue do pré-natal e os exames de imagem, como o ultrassom.
Na primeira consulta, já será solicitado o exame de glicemia de jejum. As gestantes com esse resultado normal, deverão ser triadas novamente no segundo trimestre de gravidez, entre a 24ª a 28ª semana, onde será solicitado uma nova glicemia de jejum associado ao teste oral de tolerância à glicose (TOTG) para o diagnóstico definitivo.
Glicemia de jejum
Mede o nível de açúcar no sangue naquele momento, geralmente realizado após um jejum de 8 horas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), caso a glicemia plasmática em jejum seja:
- Menor que 92 mg/dl = normal;
- Maior ou igual a 126 mg/dl = Diabetes mellitus pré-gestacional;
- Igual ou superior a 92 mg/dl e menor que 126 mg/dl = Diabetes mellitus gestacional.
Curva glicêmica (teste oral de tolerância à glicose)
Mede a velocidade com que seu corpo absorve a glicose após a ingestão de 75g de glicose. As medidas são realizadas em jejum, após 1 e 2 horas da ingestão. Os valores de referência (normais) são:
- Jejum: abaixo de 92mg/dl;
- 1 hora após: abaixo de 180mg/dl;
- 2 horas após: Abaixo de 153mg/dl
Os valores de DMG de acordo com a OMS são:
- Jejum: entre 92 – 125 mg/dl;
- 1 hora após: maior ou igual a 180 mg/dl;
- 2 horas após: entre 153 – 199 mg/dl
Após a confirmação do diagnóstico do diabetes gestacional, o pré-natal deverá ser mais rigoroso em relação ao acompanhamento da saúde da gestante e do bebê.
=> Saiba Mais: O que é Gravidez Ectópica
Tratamento do Diabetes Gestacional
Após o diagnóstico, a primeira mudança que deve ocorrer, é no estilo de vida, para manter a saúde da futura mamãe e do bebê estáveis. Grande parte do tratamento da diabetes gestacional se baseia no famoso trio, alimentação saudável e balanceada, atividade física regular e evitar o sobrepeso, entre outros:
Monitorização da glicose
Durante toda a gravidez deverá ocorrer o monitoramento diário da glicose no sangue da gestante, e possivelmente mais de uma vez ao dia, de acordo com a solicitação do seu médico obstetra.
Alimentação
A alimentação deverá ser saudável e balanceada, priorizando, frutas, verduras, legumes e grãos integrais, sendo fracionada ao longo do dia. Além disso, deverá ocorrer uma restrição de calorias. O seu médico e/ou um nutricionista poderão ajudar a estabelecer metas calóricas para o consumo diário, para que haja o correto controle do açúcar no sangue.
Lembrando que a alimentação durante a gestação não deve ser focada na perda de peso, mas sim no controle do peso, para que não ultrapasse o desejável.
Exercícios Físicos
Os exercícios físicos são fundamentais para diminuir a glicose no sangue e não deixar que o peso aumente mais que o necessário.
No entanto, os exercícios devem ser iniciados somente após a avaliação médica, e se não houver contraindicação. Além disso, devem ser estabelecidos pelo médico o melhor exercício para cada gestante.
Medicamentos
Quando o controle alimentar e os exercícios físicos não são suficientes para controlar os níveis de açúcar no sangue, é necessário que seja iniciado o tratamento medicamentoso. Geralmente, o primeiro a ser iniciado é a insulina, pois não atravessa a placenta e provê um controle glicêmico melhor e mais previsível. A insulina pode ou não ser associada com outros medicamentos antidiabéticos orais.
A quantidade de insulina e o número de vezes que ela será administrada irá depender das condições clínicas e dos níveis de glicemia da gestante.
Complicações do Diabetes Gestacional
Se houver um controle adequado dos níveis de glicemia, tanto a gestação quanto o parto serão mais tranquilos. Além disso, a saúde da gestante e do bebê serão preservadas.
Caso não haja um correto controle dos níveis de glicemia no sangue da gestante, o bebê passa a receber muita glicose por meio da placenta, e o pâncreas do bebê se sobrecarrega para aumentar a produção de insulina para o controle da glicemia. No entanto, às vezes, esse esforço não é suficiente, e as sobras de açúcar viram gordura. Com isso algumas complicações podem ocorrer.
Complicações para o bebê
As principais complicações para o bebê são:
- Parto prematuro;
- Malformações;
- Icterícia;
- Excesso de peso ao nascer;
- Risco aumentado de desenvolver diabetes do tipo 2 no futuro;
- Desconforto respiratório (dificuldade para respirar após o nascimento);
- Hipoglicemia logo após o parto – devido a interrupção do fornecimento de açúcar da mãe para o bebê, e a alta produção de insulina pelo pâncreas do bebê.
Complicações para gestante
As principais complicações para a gestante são:
- Desenvolver diabetes no futuro;
- Abortos espontâneos;
- Ganho excessivo de peso;
- Desenvolver durante a gestação ou no parto, pressão arterial elevada e pré-eclâmpsia;
- Aumento do risco de infecções, como a candidíase e infecções urinárias.
=> Saiba Mais: Qual a importância e os Benefícios da Leitura na Infância
Prevenção do Diabetes Gestacional
Para ajudar a diminuir a ocorrência do diabetes gestacional, o ideal é iniciar a mudança no estilo de vida antes da gestação. Nesse sentido, é preciso incorporar na sua rotina aquele famoso trio citado acima, manter uma alimentação saudável, atividade físicas regulares e controlar o peso.
Concluindo
Ao final da gestação, a recém-mamãe, deve ainda se cuidar. Após seis semanas do parto, a mãe deverá realizar um novo TOTG sem estar em uso de medicamentos antidiabéticos orais ou injetáveis. Além disso, deverá manter o acompanhamento médico.
Destaca-se aqui, a importância do aleitamento materno, na redução do risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 no futuro. Ou seja, amamente!
E aí esse conteúdo foi útil para você? Se gostou do conteúdo, compartilhe, para que mais mamães possam saber o que é Diabetes Gestacional! E se ficou com alguma dúvida deixe aqui nos comentários para eu te responder!
Até a próxima dica! ?
*O conteúdo do site Só Para Mamães, como textos, gráficos, imagens e outros materiais, são produzidos com muito carinho e com o objetivo de divulgar informações relevantes para as mulheres, mas não substitui o conselho médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Todos os artigos são constituídos por informações de caráter geral, experiências pessoais e profissionais, além de conhecimentos científicos. Os estudos e dados mencionados são suportados por referências bibliográficas públicas. O Só Para Mamães não tem como objetivo a divulgação de conteúdo exaustivo e completo que faça recomendações médicas, nem a promoção de qualquer produto ou marca. O juízo de valor final sobre os temas levantados nesse blog deve ser estabelecido por você em conjunto com os seus médicos e especialistas.